Reprodução da matéria do Jornal do Brasil
em 14 de julho de 1909
Abre-se o Teatro Municipal
Hoje, às oito e meia da noite, abrem-se as portas do Teatro Municipal, pela primeira vez, para um espetáculo. O programa, a saber: 1ª parte - Hino Nacional à chegada do senhor presidente da República; discurso oficial, pelo senhor Olavo Bilac; Insomna, poema sinfônico do maestro senhor Francisco Braga.
2ª parte - Bonança, comédia em um ato, original do senhor Coelho Neto, pela companhia Arthur Azevedo. 3 ª parte - Moema, ópera do maestro senhor Delgado de Carvalho, cantada por artistas do Centro Lírico Brasileiro, sob a regência do maestro senhor Francisco Braga.
O Rio não era a Paris dos sonhos brasileiros, mas, com uma memorável programação genuinamente nacional, inaugurava uma casa de espetáculos à altura dos melhores da Europa: o Teatro Municipal. Localizado no coração da cidade, fez ele parte do audacioso projeto de urbanização republicano para a então capital do Brasil. Durante sua gestão, o prefeito Pereira Passos ( 1902-1906) promoveu uma grande modernização do centro da cidade abrindo a Avenida Central, moldada à imagem dos boulevards parisienses e ladeada por magníficos projetos de arquitetura eclética. Foi nesse contexto que figurou a construção de um novo teatro, ao fim de uma concorrência pública para a seleção do projeto arquitetônico. Desse empreendimento saiu vitorioso o que foi idealizado por Francisco de Oliveira Passos (curiosamente filho do prefeito), que contou com a colaboração do francês Albert Guilbert. Depois de 54 meses de obras, surgiu o Teatro Municipal, inspirado no design do Teatro da Ópera Charles Garnier de Paris. A casa imponente e sofisticada, finamente decorada, tornava-se marco de novos tempos para a vida cultural da capital brasileira.
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