domingo, 25 de março de 2012

Outono, por Pablo Neruda

Quero apenas cinco coisas...
Primeiro é o amor sem fim
A segunda é ver o outono
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão
A quinta coisa são teus olhos.
Não quero dormir sem teus olhos
Não quero ser...sem que me olhes
Abro mão da primavera
para que continues me olhando
durante todo o outono".

Rio-Niterói

Lembro da construção e da inauguração da ponte Rio-Niterói, em 1974. Eu era criança mas a imagem do dia em que passei por ela pela primeira vez é inesquecível em minha memória. Estava com toda a família e fomos passear em Niterói.
Eu morri de medo, achava que a ponte ia cair e que não ia aguentar o peso dos carros. Quase 40 anos depois ela está lá, linda, poderosa e reflexiva, como diz um amigo. Quando passamos por ela, temos tempo de refletir sobre a vida.
São 13 km de beleza urbana misturada com natureza. Uma combinação que deu certo e atualmente mais de 140 mil veículos passam por ela nos dois sentidos. As cidades cresceram, os carros triplicaram...
Lembro que em dias de tempestade e ventania, as kombis não podiam atravessar a ponte. Acho que nem tem mais kombis circulando pela cidade... Lembro da primeira pessoa que pulou lá de cima despedindo-se da vida. Foi um choque. Lembro também de como era mais rápido chegar na região dos lagos.
Para quem faz esse trajeto diariamente e pega a ponte engarrafada, não deve perceber mais a beleza da baia de Guanabara. Mas para o usuário eventual, como eu, é sempre um passeio. Confesso que quando passo de ônibus, tenho um frio na barriga quando ele está ao lado da mureta. Prefiro fechar os olhos. Passar de barca embaixo dela também é uma emoção, só que diferente.
Sempre gostei de pontes, sejam aquelas pequeninas que apenas atravessam um rio ou as grandes construções espalhadas pelo mundo. Ela sempre liga um lado ao outro. Vai ver por isso é reflexiva.

Gentileza Gera Gentileza

Por conta das alegrias da vida e percalços que a mesma vida nos faz passar, me vi envolvida durante este mês de março com muita gentileza de amigos reais, virtuais, parentes, amores ou apenas conhecidos. E claro que me remeti ao profeta gentileza, até mesmo porque andei passando várias vezes por onde ele pintou os murais da cidade.
O paulista José Datrino (1917-1996), conhecido como profeta Gentileza, foi uma espécie de pregador da harmonia e que a partir dos anos 80 iniciou seus textos e inscrições sob o viaduto do Caju em 56 pilastras por uma extensão de 1,5 km, hoje restauradas.
Conta-se que na antevéspera do incêndio do Gran Circus Norte-Americano em Niterói, em 1961, ele ouviu vozes que o mandaram abandonar o mundo material e se dedicar ao espiritual. No local do grande incêndio, Gentileza morou por 4 anos plantando uma horta e consolando as vítimas da tragédia, transformando o local em Paraíso Gentileza. Após esse episódio, tornou-se um andarilho e pregador na cidade do Rio de Janeiro. Pregava o amor ao próximo, a natureza, a bondade e o respeito. Foi tratado por louco, agressivo e muitas outras histórias. Mas o que ficou, depois de sua morte, foi o que ele tinha de melhor:
Gentileza Gera Gentileza.
Obrigada.

Cidade de Deus - 10 anos depois

Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, é um dos filmes brasileiros mais impactantes dos últimos tempos. Uma verdadeira obra de arte.
Adaptado do livro de Paulo Lins, por Bráulio Mantovani, o filme arrebatou prêmios em festivais de cinema pelo mundo afora, incluindo 4 indicações ao Oscar - melhor diretor, edição, roteiro adaptado e fotografia. Um grande orgulho para a história do cinema brasileiro.
10 anos se passaram e Luciano Vidigal e Cavi Borges fizeram o documentário Cidade de Deus - 10 anos depois onde mostram como está a vida dos atores, dos moradores e da comunidade.
Como o dinheiro do financiamento não foi suficiente, a produção esta fazendo sessões pagas com a equipe, com os atores e aceitando doações para que tenham o restante do dinheiro para a finalização e a inscrição no Festival do Rio e, certamente, em inúmeros outros festivais.
Um bom projeto para quem desejar colaborar.
Maiores informações www.cavideo.com.br

Hugo Cabret

Acredito que todo cinéfilo tenha sua lista dos 10 mais, dos 50 mais ou até dos 100 melhores filmes da sua vida. A invenção de Hugo Cabret, de Martin Scorsese, entrou para a minha.
O filme emociona principalmente pela grande homenagem que faz ao cinema. Emociona pela delicadeza, pelo sonho e fantasia daquele menino que mora entre as paredes de uma estação de trem cercado de relógios por todos os lados, e pela beleza das imagens jamais vistas.
O elenco, o figurino, a direção de arte, os efeitos ... e trilha sonora, meu Deus! É um filme encantador.
Faria parte do meu sonho, se pudesse, conhecer aquele estúdio de vidro criado por George Méliès. Uma deliciosa viagem ao início da história cinematográfica.
Martin Scorsese já nos presenteou com filmes inesquecíveis e tão diferentes como: Taxi Driver, A última tentação de Cristo, Gangues de Nova York, O Aviador, A ilha do medo, entre outros.
Mas para mim Hugo Cabret é campeão mesmo não sendo falado em francês.
Em cartaz em vários cinemas da cidade.

Exposições

Muitas exposições estão pela cidade. A vontade é de fazer um tour e ir de uma a uma apreciando tanta beleza e arte das mais diversas formas.
Algumas:

Tarsila do Amaral - Percurso Afetivo - Centro Cultural do Banco do Brasil - CCBB
A primeira vez que vi um original de Tarsila foi no Malba, em Buenos Aires. Emoção pura. Agora temos 82 obras entre gravuras, desenhos e pinturas.
Até 29 de abril.

Chaplin e sua imagem - Centro de Artes Helio Oiticica
O maior gênio do cinema em exposição do acervo da família com fotos, videos documentais e gravuras expostas em museus pelo mundo.
Até 29 de abril.

Tutto Fellini - Instituto Moreira Salles
Fellini foi o responsável por eu gostar de cinema na vida. Essa exposição mostra o universo do cineasta com filmes, fotos, desenhos, cartazes, entrevistas, etc.
Até 17 de junho.

Simplesmente Doisneau - Centro Cultural da Justiça Federal
Comemoração do centenário do fotógrafo francês com 200 imagens muitas delas inéditas e entre elas, a mais bela "O beijo do Hotel de Ville".
Até 17 de junho.