sábado, 5 de junho de 2010

Centro Cultural Waly Salomão - Grupo Cultural AfroReggae

Fui à Vigário Geral pela primeira vez em 1999 por ocasião de uma exibição do filme Orfeu, de Cacá Diegues, no CIEP Mestre Cartola, no dia das mães. Foi uma das exibições de filme mais bonita que já participei. Eram milhares de pessoas e parte delas nunca tinha visto um filme no cinema. Além da exibição do filme, um show de Caetano Veloso e Toni Garrido, mais o elenco do filme e o Grupo Cultural AfroReggae se apresentaram no palco, com apresentação de Regina Casé. Foi uma linda noite de festa. Tinham se passado 6 anos da chacina de Vigário Geral onde 20 trabalhadores e uma estudante morreram assasinados. Vigário Geral e Parada de Lucas viviam em guerra. O Grupo Cultural AfroReggae foi fundado e na pessoa de José Junior, coordenador executivo do grupo, tornou-se uma das maiores lideranças socias que temos aqui. O objetivo do Grupo é dar ao jovem da favela um futuro que não seja o das drogas e da marginalidade.
Dia 26 de maio foi inaugurado o Centro Cultural Waly Salomão que levou 10 anos para ficar pronto. Uma festa que reuniu circo, dança, capoeira, leitura de poesia e shows com AfroReggae, Afro-Mix, Afro-Lata, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Furacão 2000, Fernanda Abreu, Os Havaianos, Adriana Calcanhoto, entre outros.

O esforço e o investimento de tantas pessoas envolvidas, inúmeros patrocinadores e mantenedores, estão dando um novo colorido para Vigário Geral.
Salas de ensaio para dança e teatro, estúdios de música, de mixagem, de masterização, aulas para Djs, auditório, lounge, rede de computadores wi-fi, etc, etc, etc. Um espaço multiuso de 4 andares, cheio de possibilidades para pessoas que jamais teriam este acesso.
O Centro chama-se Waly Salomão, pois segundo José Junior, ele foi um das primeiras pessoas a acreditar no AfroReggae e morreu durante o processo de construção do mesmo, em 2003. Uma bela homenagem a este poeta verborrágico que brincava com as palavras.
O que nos resta agora é acreditar que vai dar certo, e se depender da vontade de cada um, os tambores do AfroReggae jamais deixarão de tocar.

"Cresci sob um teto sossegado. Meu sonho era pequenino como o meu. Na ciência dos cuidados fui treinado. Agora, entre o meu ser e o ser alheio a linha da fronteira se rompeu". Waly Salomão.


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