sábado, 27 de junho de 2009

O Imprevisto e o Inesperado

Frescão é um meio de transporte muito confortável.
Dá para colocar a agenda em dia, verificar os extratos,
acertar a sobrancelha, ler o jornal,
cochilar no ar condicionado, etc, etc, etc.
Coisas que geralmente não conseguimos tempo para fazer ao longo do dia.
Quando eu chegava ao Centro da cidade um telefonema anunciando um imprevisto cancelou o meu compromisso.
E agora?Eram 10 horas e eu só precisava estar em Ipanema às 13.
O que fazer?
Descer do ônibus e voltar para o Jardim Botânico? Não, nada disso.
Resolvi me divertir comigo mesmo no Centro do Rio e fazer coisas que normalmente só fazemos em países distantes.
Desci na Rua 1º de março e a Igreja do Carmo estava aberta!
Só entrei lá em criança em algum casamento de família.
Como é linda! Enorme!
Pouquíssimas pessoas em um silêncio sepulcral a meia luz,
um som bem baixinho onde Roberto Carlos, o rei, cantava uma canção religiosa.
Sentei e me pus a observar as imagens, a construção, os vitrais, as cúpulas, o altar e o silêncio.
O silêncio.
Fiz uma oração e saí feliz continuando o meu caminho.

Seguindo em frente lembrei,
graças a Deus e a Igreja do Carmo,
da exposição sobre Leonardo Da Vinci na Casa França Brasil a poucos metros dali.
Que homem genial! Que sensibilidade, que arte maravilhosa.
Descobri que Da Vinci é sépio.
A exposição é toda da cor sépia.
As imagens, os papéis, os objetos, os códices.
Ele disse:
“Quando o espírito não trabalha com a mão, não existe arte.”
Saí de lá uma pessoa melhor,muito melhor.
Saí de lá emocionada pela oportunidade de ter visto o que vi.

Quando me dirigia para o metrô percebi que a Igreja da Candelária também estava com as portas abertas. Seria um sinal divino?
Ia ter uma missa meio-dia e meia.
Da porta observei e vi os desenhos pintados na calçada dos meninos mortos na chacina.
Vi a cúpula mais bonita de todas, ouvi um órgão gregoriano,
Vi o tapete vermelho enrolado em um grande carretel.
Vi o padre com seu manto branco arrumar o altar.
Me benzi e me retirei.
Abençoada por Deus e Da Vinci.

escrito em junho de 2008.

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