domingo, 17 de agosto de 2014

Tempos de guerra


O Jardim Botânico, um dos bairros mais bucólicos do Rio de Janeiro, foi onde morei por mais de vinte anos.
Eu tinha tudo o que precisava para meu deleite e de minha pequena família.
Tranqüilidade, ar puro, bons amigos e o Cristo Redentor acima da minha janela.
Em uma madrugada não muito distante, acordei com uma explosão que eu não sabia o que era, nem de onde vinha. Achei que algum prédio tinha desabado.
Fiquei com medo e muito assustada.
Custei a dormir de novo, pois o meu coração batia rápido demais.
Bem mais tarde, ainda acordada, ouvi uns tiros também ao longe e percebi que não era prédio nenhum desabando e sim alguma outra coisa, fruto da violência das cidades em que vivemos.
Passado alguns dias desse episódio, em uma outra madrugada, acordei com o Jamelão cantando um samba da Mangueira. Achei que era um sonho.
Mas era uma festa grandiosa em alguma das casas ricas da vizinhança. Que bom ficar deitada na cama ouvindo Jamelão lá longe... Foi inesquecível.
No silêncio noturno do Jardim Botânico ouvimos o som de festas, de corujas que piam, de cachorros que latem, de animais que se movimentam, do vento que canta e das árvores que conversam.
Mas o de uma granada explodindo foi realmente assustador.

Fico pensando nas pessoas que moram próximas ou em bairros violentos e que ouvem diariamente tiros e explosões.
Fico pensando em Gaza.
Fico pensando em Israel.
Fico pensando em guerra.
Quanto desperdício, meu Deus!



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