O Jardim Botânico, um dos bairros mais
bucólicos do Rio de Janeiro, foi onde morei
por mais de vinte anos.
Eu tinha tudo o que precisava para meu
deleite e de minha pequena família.
Tranqüilidade, ar puro, bons amigos e o
Cristo Redentor acima da minha janela.
Em uma madrugada não muito distante, acordei com uma
explosão que eu não sabia o que era, nem de onde vinha. Achei
que algum prédio tinha desabado.
Fiquei com medo e muito assustada.
Custei a dormir de novo, pois o meu coração
batia rápido demais.
Bem mais tarde, ainda acordada, ouvi uns tiros
também ao longe e percebi que não era prédio nenhum desabando e sim alguma
outra coisa, fruto da violência das cidades em que vivemos.
Passado alguns dias desse episódio, em uma
outra madrugada, acordei com o Jamelão cantando um samba da Mangueira. Achei que
era um sonho.
Mas era uma festa grandiosa em alguma das
casas ricas da vizinhança. Que bom ficar deitada na cama ouvindo Jamelão lá longe... Foi inesquecível.
No silêncio noturno do Jardim Botânico ouvimos
o som de festas, de corujas que piam, de cachorros que latem, de animais que se
movimentam, do vento que canta e das árvores que conversam.
Mas o de uma granada explodindo foi
realmente assustador.
Fico pensando nas pessoas que moram próximas ou em bairros violentos e que ouvem diariamente tiros e explosões.
Fico pensando em Gaza.
Fico pensando em Israel.
Fico pensando em guerra.
Quanto desperdício, meu Deus!
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