domingo, 28 de julho de 2013

Espiritualidade

Quando eu era criança lembro da minha mãe me levando toda semana pela mão, perfumada e arrumadinha, de maria-chiquinha de fita branca e vestido de babado. Pegávamos um ônibus para o centro da cidade.  Eram reuniões em um centro de mesa branca. Eu não entendia direito o que era aquilo e no início tinha um certo medo. Mas não podia fazer nada; eu era obrigada a ir. 
Com o tempo comecei a gostar e achar bom, pois era um encontro familiar e era uma forma de encontrar meus primos que também, assim como eu,  eram obrigados a ir.
Lembro perfeitamente do prédio, do corredor, da sala e do cheiro. Um cheiro bom de rosas brancas, de incenso de flor.  Gostava da festa de São Cosme e São Damião. Dia de encher a barriga de doces. 
Mas o meu pai não gostava dessas reuniões. Ele era devoto de São Jorge e gostava de ir em terreiros de candomblé, que eu também ia, certamente obrigada. 
Tive aulas de catecismo para poder fazer a primeira comunhão aos 8 anos de idade, na Igreja de Santo André, em São Cristóvão. 
Anos e anos depois, minha mãe tornou-se evangélica e boa parte da minha família também. 
Acho que por isso eu sou uma confusão espiritual, mas com uma certeza total é absoluta: o Deus é o mesmo em todas as religiões.
Tenho formação católica mas não sou frequentadora pois não concordo com alguns posicionamentos da Igreja. Gosto de arte sacra, de oratórios e imagens de santos. Não tenho um santo ou santa de devoção: gosto de vários. 
Tenho um pequeno altar em um canto na estante de minha casa, local em que faço minhas orações, acendo meu incenso ou uma vela branca para segurar essas intempéries que a vida nos coloca de vez em quando. 
Gosto das cartas do tarot, do baralho cigano, da runas e do I Ching. Meu ex-marido dizia que eu era um perigo pois acreditava em tudo! É que ele não acredita em nada, como nossa filha, que prefere a ciência ao invés do misticismo religioso.
Com a vinda do Papa Francisco, que acabou hoje sua visita ao Rio de Janeiro, uma coisa me marcou bastante e para sempre: os jovens dessa Jornada Mundial da Juventude que eu nem sabia existir. Eles eram facilmente identificados com suas camisetas e mochilas verdes, azuis ou amarelas e com as bandeiras de seus países enroladas pelo corpo. Nunca vi nada igual na cidade lotada. 
Grupos e mais grupos  de peregrinos alegres e bonitos, falando os mais diversas idiomas  e dialetos. A maior diversidade de sotaques nas ruas, nos ônibus, nas praças, no metrô, nos mercados, nos restaurantes, na praia... para todos os lados e lugares. Emocionante.
A missão principal: a fé, a espiritualidade e a oração. 
Que Deus abençoe a todos nós.
Amém!



2 comentários:

  1. Obrigada, querida. Emocionei-me. Um beijo.

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  2. Obrigada você. É como falamos .... o sincretismo religioso faz parte da vida dos brasileiros. um beijo

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